sexta-feira, 29 de maio de 2009

Falar a Verdade a Mentir é o título duma peça escrita por Almeida Garrett em 1845. Foi publicada em 1846 juntamente com Filipa de Vilhena e Tio Simplício. A acção desta comédia desenrola-se em Lisboa, no século XIX. Foi representada pela primeira vez em Lisboa, no Teatro Tália, pela sociedade particular do mesmo nome, em 7 de Abril de 1845. A peça contém apenas um acto (acto único) que é composto por dezassete cenas. A obra era uma crítica cómica à sociedade da altura, e ainda hoje conserva o seu humor refinado.

Texto dramático

É composto de textos que foram escritos para serem encenados em forma de peça de teatro. Para o texto dramático se tornar uma peça, ele deve primeiro ser transformado num roteiro, para depois poder ser transformado num texto do género espectacular. É muito difícil ter definição de texto dramático que o diferencie dos demais géneros textuais, já que existe uma tendência actual muito grande em teatralizar qualquer tipo de texto. No entanto, a principal característica do texto dramático é a presença do chamado texto principal, composto pela parte do texto que deve ser dito pelos autores na peça e que, muitas vezes, é induzido pelas indicações cénicas, rubricas ou didascálias, texto também chamado de secundário, que informa os actores e o leitor sobre a dinâmica do texto principal. Por exemplo, antes da fala de um personagem é colocada a expressão: «com voz baixa», indicando como o texto deve ser falado. Já que não existe narrador nesse tipo de texto, o drama é dividido entre as duas personagens locutoras, que entram em cena pela citação de seus nomes.

Resumo da obra:"Falar Verdade a Mentir"

A peça conta a história de uma filha de um burguês,Amália, e da seu serva, Joaquina, que se vão casar. Joaquina veio com o seu senhor do Porto para Lisboa, onde vive José Félix, o que lhes deu a oportunidade de estarem juntos.
Joaquina revela então a José Félix que Amália, a filha do seu amo, prometeu-lhe que lhe daria um dote de 100 moedas quando se casasse. Mas Joaquina disse que havia um problema: Duarte, o noivo de Amália, era um mentiroso compulsivo, e o pai de Amália (Brás Ferreira) disse-lhe que se o apanhasse numa mentira, acabava com o seu casamento. Interessado no dote, José Félix disse a Joaquina que tinham que dizer isso a Duarte, pois senão ele iria ser apanhado, o casamento iria ser cancelado e Joaquina nunca receberia o dote de Amália. Mas demasiado tarde! Duarte já tinha começado a contar mentiras ao pai de Amália, que após algumas histórias extraordinárias, começou a desconfiar dele.
Quando Amália finalmente contou as exigências do seu pai a Duarte, este ficou muito baralhado, e começou a confundir as suas mentiras. Numa tentativa de socorrer Duarte, José Félix, fez-se passar por pessoas que Duarte mencionara nas suas mentiras, como por exemplo, Tomás José Marques, Milorde Coockimbrook e general (sendo depois despromovido a coronel) Lemos. Mas no fim do dia, o pai de Amália descobriu que o seu futuro genro tinha mentido, apesar das suas mentiras terem acabado por ser verdade. Como agradecimento pela sua ajuda e pela "lição" que ele lhe deu, Duarte oferece um saco de dinheiro a José Félix. Com o "vício" de mentir emendado e com o desejo de José Félix pelo dinheiro satisfeito, a peça acaba com um final feliz.